Os manifestantes reuniram-se no sábado em frente ao hotel Washington Hilton, que acolheu o jantar anual, onde o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discursou, como é tradição, perante cerca de três mil pessoas.

Dezenas de agentes da polícia montaram barreiras na rua em frente ao hotel para impedir a entrada de manifestantes.

A maioria dos participantes no protesto vestia t-shirts azuis onde se lia "imprensa", semelhantes aos coletes usados pelos jornalistas na Faixa de Gaza.

Cada vez que passava um grupo de jornalistas para participar no jantar, os manifestantes gritavam "vergonha!" e pediam-lhes que boicotassem o evento.

Os manifestantes penduraram ainda uma bandeira palestiniana com vários metros de comprimento numa janela no último andar do hotel.

Um dos participantes no protesto disse à agência de notícias EFE que os meios de comunicação norte-americanos têm escondido a "verdade do genocídio" em Gaza, onde uma ofensiva israelita terá causado mais de 34 mil mortes.

Kate, uma jovem estudante universitária de 25 anos, afirmou que são os jovens da sua geração que compreenderam o que está a acontecer e que saíram às ruas para protestar contra a guerra.

O protesto foi organizado por diversos grupos, incluindo o Movimento da Juventude Palestiniana e a organização de esquerda 'Codepink', para "impedir a realização do jantar", de acordo com um cartaz.

Os manifestantes carregavam uma grande faixa preta que em letras brancas apelava ao "cessar-fogo" e, entre os slogans que entoaram, destacava-se: "cada vez que a imprensa mente, um jornalista morre em Gaza!"

Um grupo de jornalistas palestinianos publicou este mês uma carta aberta apelando aos colegas norte-americanos para boicotarem o jantar anual "como um ato de solidariedade" com os repórteres que arriscam a vidas para cobrir a guerra em Gaza.

O Comité para a Proteção dos Jornalistas, com sede em Nova Iorque, afirma que pelo menos 97 jornalistas e trabalhadores dos média foram mortos em Israel e na Palestina desde o início da guerra, enquanto o Sindicato dos Jornalistas Palestinianos afirma que o número é maior, 125 mortes.

O protesto ocorre numa altura em que as manifestações contra a guerra em Gaza se espalharam por cerca de 60 universidades nos Estados Unidos, onde mais de 500 pessoas foram detidas nos últimos dias.

Um movimento que aumenta a pressão sobre Joe Biden, que procura em novembro a reeleição contra o rival republicano Donald Trump, para retirar o apoio a Israel.

Num discurso de 10 minutos durante o jantar, Biden não mencionou a guerra ou a crise humanitária em Gaza e preferiu alertar para o que disse ser as consequências negativas de um eventual regresso de Trump ao poder.

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